Marina Hanzawa

com Gráfico Planificado da Violência

Marina-A-S-Hanzawa

INTERVENÇÃO (Gráfico planificado da violência) X REALIDADE (andarilho viaduto)

Chegando para trabalhar me deparo com vários corpos marcados na rua, cena assustadora… logo vem a relação com assassinato, crime, violência. A curiosidade me cutucou e fui buscar na programação da Bienal de Dança o que teria acontecido ali… uma intervenção.

Não pude assistir a intervenção Gráfico planificado a violência no momento em que ocorreu na frente das dependências do Sesc Campinas, mas passando diariamente por ela, vendo as silhuetas marcadas na rua fui me sentindo, não só expectadora tardia, mas também parte dela.

A ação foi criada para chamar à reflexão sobre mortes violentas, crimes, assassinatos… essa reflexão é de suma relevância e o combate a violência armada extremamente necessário. Porém, lembrando que a morte não tem um único significado, a morte não é apenas “fim da vida animal ou vegetal” 1, mas também significa “destruição, perdição” 1 e não são poucos os seres humanos que se destroem, se perdem em meio as drogas, lícitas e ilícitas, se abandonam e agonizantes morrem não para a vida, mas para a sociedade. Aqui se mostra mais uma face da morte, a “Morte civil: perda de todos os direitos e regalias civis” 1 e esta morte antecede a outra, a morte do homem antecede a morte do corpo.

Frequentemente pela manhã ao chegar ao trabalho me deparo com um andarilho que dorme debaixo de um viaduto por onde passo, mas naquela manhã foi diferente, naquela manhã foi mais triste, naquela manhã foi mais chocante… ele dormia sobre uma silhueta de alguém que parece ter morrido dormindo… Passo apressada como de costume, mas paro, volto com o celular na mão. Por que?

Não sei.

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1 Dicionário Michaelis Online:
https://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=morte